Entrevista com Ênio
Felipe Daud Lima, Venerável Mestre, da Loja Maçônica Elias Ocké, Ilhéus –
Bahia.
O
entrevistado dessa edição de O COMPASSO é o advogado, mundo profano, e Venerável
Mestre, mundo maçônico, da .·. R.·. L.·. S.·.
Elias Ocké, do Or.·. de Ilhéus, sul da
Bahia, jurisdicionada ao Grande Oriente do Estado da Bahia/Grande Oriente do
Brasil – GOEB – GOB, Ênio Felipe Daud Lima
O COMPASSO - Por que Venerável?
Ênio Daud -
Você aceita ser Venerável. Querer somente não te faz venerável. Sua vida
maçônica é sempre e invariavelmente acompanhada por seus pares. Seus
questionamentos em Loja, trabalhos apresentados, envolvimento com a Loja no
conjunto de ações, seu comportamento no mundo profano vai te credenciando, para
tal, no conceito dos Irmãos. Com o passar do tempo, surge a oportunidade ou a
época de eleição e quando você menos espera os mais antigos te chamam e dizem:
Seu nome foi escolhido para ser o Venerável. Você aceita? Quando isso acontece
você faz uma avaliação, uma espécie de autocrítica e aceita ou não. Por ser um
Irmão que se destacou e, aceitando, a diretoria é composta ou formada com o
objetivo de se ter uma administração participativa que se resume em ajudar,
colaborar, servir àquele que foi o indicado pelos demais obreiros e, assim,
começa o trabalho de arrumação, composição e execução. Aconteceu comigo dessa
maneira e, acredito, funciona desse modo em outras Lojas.
O COMPASSO - Como aglutinar Irmãos
na Loja?
Ênio Daud -
Confesso que esse e um dos grandes desafios. Se você deixar o Veneralato “subir
para cabeça” ou achar que a centralização e ou alguma decisão é para ser tomada
num golpe de malhete - e isso sem ouvir experientes Irmãos - a Assembleia,
enfim, a todos você não será um bom Venerável. Vai contar o tempo e depois sai “sem
deixar saudades...” e muito pelo contrário: vai ser questionado, severamente,
por todos envolvidos no contexto da Loja. Ouvir é a grande e talvez única
“ferramenta” para se ter sucesso. Debater o tema, reunir, pegar a opinião,
dividir a responsabilidade colocando a Loja como objeto central desse tema você
seguirá com sua gestão sendo acompanhado por todos porque, agindo assim, a
gestão / administração será participativa o que, no final de tudo, a Loja é
quem sairá ganhando.
O COMPASSO - Qual a razão para o
sucesso da Loja Elias Ocké?
Ênio Daud -
Talvez por conta da unificação de procedimentos. Não conduzo, individualmente,
a Loja. Eu sou o Irmão que coloca em prática a expectativa e desejo dos demais
Irmãos. A “Liberdade com responsabilidade” ganhou terreno e eu apostei nisso.
Os investimentos, a manutenção, as reformas, as novidades, o cuidado com o
Templo e salão (cheios ou vazios) foram sendo vistos e elogiados. Invisto,
regularmente, na necessidade de uma participação intensa no Tempo de Instrução.
As peças apresentadas vão forçando, semanalmente, o direcionamento para
reflexão. A Loja vai sendo enriquecida e, graças a Deus, sempre os Irmãos estão
levando peças interessantes e que muito nos enriquecem. Isso fica claro quando
testemunhamos alguns comentários direcionados ou embasados no que foi dito /
lido naquele importante espaço de tempo durante as nossas sessões.
O COMPASSO - Qual é a sensação de
sentar no “Trono de Salomão” e por duas gestões seguidas?
Ênio Daud -
Vejo o ato como um momento mágico porque você senta e, imediatamente, uma
sensação de enorme responsabilidade toma conta de todo o seu ser. Os que pensam
que os que ali sentam ficam envaidecidos, “empavonados”, ou coisa parecida
estão muito, mas muito mesmo, enganados. É de uma responsabilidade muito grande
e eu, graças a Deus, senti isso no meu primeiro minuto ali sentado. Corri os
olhos pelo Templo e vi que “estou Venerável por que me colocaram aqui”. Não é
para mim e sim para a Loja, Irmãos, Cunhadas e Sobrinhos e, quando isso se
instalou na minha cabeça, eu passei a distribuir as tarefas, obedecendo e respeitando
leis, regulamentos, estatutos, constituição etc. Isso passou para os meus pares
e percebi que estava no caminho certo. Trabalhei incansavelmente e isso foi
reconhecido; tanto é que meus amados e sempre queridos Irmãos me conduziram
para a reassunção ao Veneralato. Essa decisão dos meus Irmãos foi motivo de
enorme alegria porque o modelo de administração implementada teve, deles, o
reconhecimento o que muito me honra. Alguma coisa do tipo: Traçou um bom
caminho e vamos com ele novamente.
O COMPASSO - Como a Maçonaria
está reagindo em relação às manifestações de rua que estão avançando pelo País
cobrando mudanças e pela moralidade da política no Brasil?
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