Onde
estão os tamborins?
A maçonaria que veio
para o Brasil não foi a maçonaria da Inglaterra.
Os maçons que
trouxeram os ideais e os objetivos da Ordem pra cá foram os iniciados na
França. Quando em 1796 foi instalado o Areópago de Itambé, o seu presidente –
Manoel Arruda da Câmara - vinha de Montpelier, no sul da França.
Trazia consigo os
ideais do iluminismo e a “bandeira” da Revolução Francesa de
“liberdade, igualdade e
fraternidade”. O portal de Itambé se abria para, por seu intermédio, favorecer
o nascimento de uma escola em que o povo ia ser doutrinado para a construção de
uma pátria para os brasileiros. A maçonaria inglesa proibia, através da
Constituição de Anderson, o trato com a política e com a religião no interior
de suas Lojas. A maçonaria francesa, esta não, era eminentemente política. E
foi com esse DNA que ela veio para o Brasil. A maçonaria nos veio para a
construção da pátria. Portanto a sua força propulsora e motivacional era a
política.
A Conspirata de
Suassuna, a Revolução Republicana de 1817, os movimentos do Rio de Janeiro que
levaram o Regente a dar o Grito do Ipiranga são ações políticas gestadas no
seio da maçonaria, com o povo
maçom nas ruas, nas praças, de modo público com o conhecimento e a adesão dos
muitos.
Os sonhos de
liberdade, mais das vezes, sequer esperaram o raiar do dia. Antes do amanhecer
já estavam na boca do povo, buscando a realidade Isto não aconteceu apenas com
relação a Independência.
Eclodiram da voz do
povo maçom também a Abolição da Escravatura e a exaustão do Império. Tamanha
era então a força da maçonaria, na consciência do povo, que nem reação houve da
parte da Coroa contra a forma como se proclamou “A República é filha de
Olinda”, canta-se com o Hino de Pernambuco. Verso lindo, representativo dos
idos de 10 de novembro de 1710.
Sonhos de Bernardo
Vieira de Melo que pagou caro por eles, morrendo nos calabouços do Limoeiro nas
cercanias de Lisboa. E a pátria? A pátria brasileira, a nossa Pátria, esta é
filha da Maçonaria São provas 1796, 1801, 1817, especialmente 6 de março de
1817. Com a Revolução que se fez a partir dessa data, tornou-se irreversível o
GRITO em 7 de setembro de 1822. Em 6 de março, o povo maçom estava nas ruas.
Fundou-se por sacrifício dos maçons uma República, com Constituição,
Presidente, Ministério, liberdade religiosa e de imprensa, abolição da
escravatura, a universidade.
Realmente, sem
dúvida, a Maçonaria é a mãe da Pátria. Contudo, hoje, há muitos que não desejam
lembrar dessa gênese. A Pátria saiu dos cuidados maternais. Uma filhaque se
foi, na omissão da mãe.. Mas a filha e a mãe se não podem separar.
A acomodação nesse
sentido resultou decerto nos dias cruéis que aí estão. É preciso que os maçons
acordem e tomem os rumos da atuação. Como escreveu e cantou nosso irmão Pedro
de Alcântara: “Maçom alerta, tende firmeza, vingai direitos da natureza”
Ensinou cantando alto, pois não faria o Hino para o banheiro. Fez o hino para
ser cantado alto na praça pública.
Nosso compromisso
continua e ninguém vai bancar o esquecido. Não se envolver com os destinos da
Pátria é desfazer a Independência. É entregá-la à desventura. A missão da
maçonaria aqui no Brasil é “tornar a pátria livre” desse caos de que todos
temos conhecimento e de cujos males padecemos. O povo sabe disso, e é por isso
que muitos reclamam. E desejam, com razão, ver os maçons mais atuantes, nas
cobranças de mais respeito à Pátria. Nesses dias de Carnaval, penso que vale, e
muito, cantar, como cantava Pedro Caetano, num grande simbolismo a Mangueira,
“onde é que estão os tamborins, ó nêga? Viver só do cartaz não chega! Põe os
sambistas na avenida...”.
Irm\ Antônio do Carmo Ferreira.
Presidente da
Associação Brasileira de Imprensa Maçônica (ABIM).
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